“Passema: testemunhos de um final de análise”, de Sérgio Campos. A obra pertence à coleção “Estudos Clínicos”.
“Sérgio de Campos foi nomeado AE em dezembro de 2009, por um Cartel do Passe da Escola Brasileira de Psicanálise. Seu testemunho, transmitido pelos passadores ao Cartel, fez com que a Associação Mundial de Psicanálise apostasse no que ele tinha a transmitir à comunidade analítica e, mais além, a qualquer um que se interesse pela psicanálise. Esta é a aposta do passe, inventado por Lacan: que a psicanálise possa passar do âmbito privado ao público, ao dar as razões de sua existência e de suas finalidades. No caso de Sérgio, passados os três anos de exercício da função de AE, esta aposta não parece ter sido em vão, e temos neste livro o registro disso.
Apresento, portanto, a vocês os testemunhos de passe de Sérgio de Campos, que me parecem transmitir, de forma viva, o que é uma análise e como ela terminou. Com sua “ingenuidade metódica”, Sérgio brinca com as palavras e nos conta como foi sua “auto-risada”. O passe é um mico, ele diz de maneira bem brasileira, um mico que ele esteve disposto a pagar, ficando, no final, com o seu sinthoma, singular, o menino que ele foi-é. Sérgio demonstra através de seus testemunhos como pôde fazer do seu sintoma um modo de funcionamento do qual extrai satisfação, e não mais sofrimento.
Acompanhei de perto os vários testemunhos de Sérgio, suas elucubrações de saber, suas fórmulas que nos faziam rir. Desprendido do menino esmagado pelo Outro, mais do que identificar-se ao sintoma, trata-se de saber fazer, cada vez, com seusinthoma. Sérgio nos conduz à Escola como destino do que, da transferência, não se liquida. O guerreiro aplicado não dispensa o menino, que antes desamparado se torna travesso, incurável com o qual se satisFAZ. É assim que ele vem finalmente nos transmitir como fez da necessária repetição do sintoma, contingência, sinthoma.
É o que vocês poderão ler neste livro, usufruindo da histoeria – clínica – das elaborações epistêmicas e das aproximações à política da orientação lacaniana da psicanálise. Parafraseando seu analista – que sustentou a transferência durante dezenove sólidos anos - vamos ver o que vem pela frente! Se não há como nomear o gozo de uma vez por todas, haverá sempre um inominável, com o qual se tratará de saber fazer, cada vez, e eventualmente, de querer saber mais.” (Elisa Alvarenga).
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(m3/05dez2014)