OLHO CLINICO - ENSAIOS E ESTUDOS SOBRE ARTE PSICANALISE

A psicanálise surge ao mesmo tempo que a cultura de massas e sua primazia do visual, mas ela se demarca do campo da imagem em prol da fala, do talking cure. Olho móvel, o do psicanalista, ele não se detém na aparência dos sintomas, mas busca um outro regime que articula cena e linguagem sob modos radicalmente singulares, ao sabor de cada aventura clínica. O olhar analítico é vagabundo, errante, ele fecha os olhos. Flutuante, ele faz palavras cruzadas (como sugeria Lacan aos jovens analistas). Talvez ele faça também, como neste livro, imagens cruzadas, acordes cruzados. É curioso que este olhar pouse, nos momentos talvez mais fortes e inovadores destes escritos, no que na se pode ver: a música. O “olho clínico” de Massara se subtrai à inflação imagética da cultura de massas para buscar, como quem não quer nada, a potência crítica que fura a imagem e aponta para o terrível e maravilhoso objeto do desejo.