Na época moderna, Kierkegaard e um dos filósofos exemplares em que se realiza, de modo mais intenso, aquele sentido tradicional da filosofia como modo de vida, como prática existencial. Ser e saber, vida e pensamento se encontram articulados em uma unidade indissolúvel. Não no sentido de que se possa reduzir a obra à biografia, "psicologizando" a filosofia, mas sim porque o pensamento filosófico autêntico apenas se realiza como transformação da existência.
Embora Kierkegaard elabore explicitamente uma psicologia em suas obras, foram raras as tentativas de tematização das práticas psicológicas clínicas em um diálogo direto com o pensamento kierkegaardiano. Assim, este trabalho representa uma contribuição original e de interesse, não somente para o campo das psicologias existenciais, mas também para toda psicologia clínica que conceba o sofrimento humano em articulação com o problema da liberdade e que entenda, portanto, que sua problemática sempre transcende os posicionamentos científicos, metafísicos ou morais.