O que é a língua se a poesia existe?". Guiado por essa pergunta e percorrendo os trabalhos de linguistas célebres como Ferdinand de Saussure (considerado fundador da linguística moderna) e Roman Jakobson (chamado, por Haroldo de Campos, de poeta da linguística), O fluxo e a cesura propõe uma trama de reflexões fundamentais tanto aos estudos da linguagem quanto à psicanálise. Num diálogo com o clássico O amor da língua, de Jean-Claude Milner, Paulo Sérgio de Souza Jr., interessado por aquilo que o poético ilumina acerca do funcionamento da linguagem, revisita elaborações feitas por linguistas, escritores e loucos, assim como por analistas como Sigmund Freud e Jacques Lacan, a fim abordar os conceitos saussurianos de língua e fala, a ideia jakobsoniana de função, bem como as noções psicanalíticas de equívoco, lalíngua e letra. Nesse mesmo movimento, em que a poesia é pensada como violência à cristalização do uso na linguagem, a clínica psicanalítica ressoa transversalmente, suscitando pensar a sua prática enquanto linguística e a sua efetividade enquanto poética.