Em A Clínica Psicológica em diálogo com Sartre, Carolina Dhein busca no pensamento de Sartre elementos para questionar a psicologia, mais especificamente a clínica psicológica. Tomada por uma inspiração fenomenológica, a obra questiona o caráter normativo que a clínica contemporânea parece querer impor como parâmetro aos psicólogos. Partindo do estudo de Sartre em O Sere o Nada, de sua descrição da condição humana e de sua análise da ambiguidade que constitui o homem, o livro propõe um novo olhar sobre a clínica. E o faz por um caminho inesperado Ao extrapolar o campo teórico presente em O Ser e o Nada, ao invés de se servir das leituras de Sartre sobre Jean Genet e Gustave Flaubert, Carolina Dhein recorre à A Náusea, primeiro romance do filósofo francês. Tal escolha produz novas vertentes em seu trabalho, privilegiando a indeterminação do ser humano e a contingência da vida, e indicando a fabulação como participante da descrição da realidade humana.
Ao questionar a normatividade na psicologia, Carolina Dhein explicita a abertura que constitui o ser humano, tornando mais relevante o próprio exercício clínico, não mais como processo de adequação, mas antes como uma escuta cuidadosa para este horror e encanto que somos cada um de nós.